quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Talvezes"

Talvez eu não seja como minha mãe queria, meu pai sonhava, meu namorado precisava ou meu chefe esperava.
Talvez eu não sonho mais como eu sonhava, não espero tanto quanto esperava, nem me desespero como desesperava.
Talvez eu tenha aprendido, talvez não.
Talvez eu tenha sentido ou apenas passado.
Talvez eu tenha seguido sem estar preparado.
Talvez minha vida seja um livro, uma novela, um filme, uma peça teatral. Ou simplesmente um valioso bilhete escrito num guardanapo de papel com uma caneta improvisada. Pode até ser um rabisco ou um desenho daqueles feitos por compulsivos usuários de caneta e papel de rascunhos que, ao falar no telefone, desenham o mundo.
Talvez eu mude ou fique.
Talvez eu conserte ou deixe estragado.
Talvez, talvez, talvez.
Os "talvezes" não impedem ninguém de ser peregrino da felicidade.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

chiclete doce para café amargo

Doce como algodão doce e fresco como um banho de piscina em dia de sol.
Um bilhete não tão legal, um banho, um pão e um beijo delicioso.
A viagem de todo dia hoje foi confortável e viajada num livro de memórias e esperança de uma vida melhor com mais amor e mais vida verdadeiramente vivida. Emoção.
Novas conversas e novas risadas.
Mais coisas pra fazer. Algumas incompletas, outras incompreendidas, outras perdidas.
Uma mensagem e um e-mail, ambos sem resposta [ainda].
Na ansiedade de escrever sobre as valiosas as coisas da vida, me pego pensando no velho e delicioso chiclete, que gostoso e doce (não tanto quanto eu hoje) suaviza o gosto amargo deixado na boca.
Quem dera se para todo amargo café tivesse um doce chiclete de melancia com melão.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Escolhas são assim

Que seja oito ou oitenta que até na bíblia diz que é quente ou frio, pois morno te vomito.
Não há como viver no mais ou menos, no meio termo, em cima do muro.Qualquer hora o muro cai e de repente você está do lado de lá, mesmo sem querer estar. E com a roupa amarrotada você se percebe uma marmota e se sente incomodado.
Não há como voltar atrás quando não decide de que lado se está. Se não quer estar em nenhum lado, pelo menos declare estar do lado que não está de lado nenhum. Estando em lado nenhum você está de um lado mais ou menos. Não adianta deixar de lado.
E se quiser mudar? Mude. Não adianta ser medíocre a ponto de não ficar da forma que quer ficar. Antes reconhecer e mudar, do que não arriscar estar e depois se arrepender de não ter estado ou de ter estado e não ter mudado.
E se demorar? Demore. Não existe um tempo necessário a não ser que envolva contundente a vida de outra pessoa.
Caso contrário, cada um constroi a vida e o futuro como quer, e o tempo perdido só diz respeito ao tempo de vida de quem o perdeu ou o ganhou.
Ninguém sabe até onde ou quando vai, ou se ainda vai.
Por isso, o que compensa é escolher e viver tranquilo com as escolhas, até que elas sejam definitivas, trocadas ou interrompidas.
Tudo tão complexo e tão simplíssimo quando cada um sabe e assume as escolhas que faz na vida.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Saudade que não vai passar!

Quando menos percebi ela já estava ali e com o tempo vi que estava desde que nasci. ou melhor, antes mesmo da minha mãe nascer. Sua presença me dava segurança e me fazia sentir a criança mais feliz do mundo. Jamais vou me esquecer dos seus olhos tão caidinhos quanto os meus, das suas unhas quase sempre pintadas de vermelho e daquela mão que fazia a melhor comida que meu paladar já experimentou.
Daquele coração que sempre recebia em casa toda a família pra confraternizar e ficar junta por aquele momento, valorizando tudo que temos de melhor e de quando nos arrumava pra ir pra escola, sempre com muito capricho e dedicação.
De quando, apesar das suas limitações, me ensinava a tarefa e a fazia comigo, nem que seja pra colar os feijões no papel e colorir dentro. Lembro de, na pressa, assoprar a comida misturada com banana para que não queimássemos a boca, e vira e mexe por me defender das garras da primogênita e me paparicar mais que tudo, sem contar de secar os milhares de copos de suco que eu sempre insistia em derramar na mesa.
Ainda me recordo das manhãs que passava em volta do fogão interrogando-a como se faz isso ou aquilo. E de sempre lavar as louças, pois naquela época sua saúde já estava frágil. Mas de fazer comida ela jamais abria mão. Ninguém podia mexer nas panelas que eram dela.
As vezes ainda me vejo deitado no sofá e ela na sua cadeira laranja roncando, mas insistindo em assistir todos os programas que passavam a tarde e prorrogando aquela ação até o fim da novela das 8. Recordo das brincadeiras de cócegas e tapas (ela em mim claro) e da quantidade de quilômetros que andei pra buscar gelo na geladeira quando ela não podia beber água nas tardes quentes de verão.
Lembro de dormir (as vezes que minha irmã deixava) na cama com ela. O calor era diferente e me fazia adormecer como um pintinho em baixo da asa da galinha.
Me faz o ser humano mais feliz do mundo saber que fiz o que pude por ela. E que a última vez que ela cozinhou, foi um prato que há tempos eu queria comer e nesse dia ela resolveu fazer pra gente. Só eu e ela na cumplicidade de avó e neto que sempre tivemos.
Não esqueço do último olhar, da despedida dolorosa, de tudo.
Não da pra esquecer. Assim que me lembro dela. Talvez seja mais mãe que minha próprima mãe, porque era duas vezes. Quem a conheceu jamais esquece da Iris, da Gorda, da Tia Pretinha, da minha vó. Minha que um dia partilhei com a Isis, com o Gustavo e com o Caio. Nossa vó, ou vovó como era chamada pelos menores.
Hoje fazem 6 anos que não estamos juntos em corpo e convivência, mas a amo da mesma forma(ou mais), sinto falta e sei que vamos nos encontrar um dia.
Fica aqui minha homenagem de um coração sem vó.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Separação

- Eu só quero que você saia!
- Não imaginava isso nunca.
- O amor passou.
- Eu pensei que chegaria em casa e teria a comida pronta e a cama arrumada.
- Já não serve mais.
- Sempre te amei e não quis te fazer infeliz.
- Não vejo mais nos seus olhos a felicidade em me encontrar.
- Meu sonho sempre foi estar ao seu lado.
- Não vejo nos seus beijos a vontade de me provar.
- Eu sabia que isso um dia aconteceria.
- A cada momento que passo me frusto por não conseguir sentir mais borboletas no estômago e o coração acelerar.
- Você é muito inconstante.
- Infelizmente já tenho outro.
- Sua vida sempre foi levada pelas suas precipitações.
- Fiz isso por perceber que um dia teria que me arriscar novamente e recuperar o tempo perdido.
- É como se arrancasse o meu coração e pisasse sem piedade.
- Não!
- Muito bem, se não tenho outra escolha....
- Eu não sou amarga.
- O jeito é aguentar e levar a vida, não posso me prender a algo que acaba de morrer.
- Simplesmente descobri que ao seu lado não sei mais ser doce.
- Eu nem sempre fui errado.
- Estou aguardando a chegada do táxi e não nos veremos nunca mais.
- Tudo bem.
- Saio de cabeça erguida e com consciência limpa de que tentei ao máximo.
- Prefiro me silenciar.
- Cada um é responsável pelas coisas que faz e pela vida que tem.
- Se não me bastasse ainda tenho que dizer adeus?

Quando chega a esse ponto, não há como voltar atrás.
Vozes que falam, mas não dialogam.
Vidas que se juntam mais não se complementam.
Não há mais para somar quando as almas estão divididas.

Verde

Verde do desenvolvimento.
Verde de seguir em frente.
Verde do crescimento.
Verde do não-maduro.
Verde da serenidade.
Verde da segurança.
Verde da esmeralda.
Verde do equilíbrio.
Verde da natureza.
Verde da saúde.
Verde da grama.
Verde da menta.
Verde da fome.
Verde da rua.
Verde do ver.
Verde.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Inferno Astral

Não importa o quanto vivemos ou o quanto ainda vamos viver.
Não importa porque nunca sabemos, ou nunca sabemos quando saberemos que sabemos que chegou a hora certa de nascer ou de morrer.
O dia acordou nublado, mas de repente sai o sol, que mais tarde chove.
Chove do céu fagulhas de sol e raios de nuvens e da terra brota a vida que nasce e enterra a vida que morre.
Os astros dizem que é bom não sair de casa, falar com estranhos, arriscar pra não errar, comer pra não engordar, não namorar pra não brigar. O ascendente em Peixes e a lua em Câncer diz o que devemos fazer ou não. A vida é tão curta pra viver só isso.
O que era certo não está certo mais, nem sei se sei o que é certo ou não.
Muitos colhem o que plantam, outros comem do fruto plantado por outros, que plantaram mas esqueceram de adubar.
Adubar! É isso. Legal adubar o coração com sentimentos bons, semear o que quiser colher, ou o que você quer que os outros colham, pois mais cedo ou mais tarde o jardim muda e é necessário deixar um jardim bem cuidado para que outro possa cultivar o que um dia foi seu.
Que me importa se sou escorpiano nascido numa manhã de terça-feira, e muito menos se estou no "inferno astral" ou não. Só sei que nasci pra plantar a minha semente e construir meu "céu".

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Apenas as meias

Sem meias palavras, apenas as meias.Após a meia verdade de um resto de um meio amor que um dia meio que aconteceu.E no meio de um sentimento incerto tem um meio coração que, meio chora e meio insiste em ficar normal. Meio está.
Meio-dia: hora do almoço. E de meio ficar na dúvida se responde ou não a mensagem recebida ao meio.
Meia resposta, meio trabalho, meia noite.
Ah! Tem ainda as meias.
No meio das tempestades, meio que nos encontramos. Deve ser pra perceber que não há meia pessoa nem meio amigo. E mais ainda: não precisamos de meia pessoa pra sermos completos, já nascemos por inteiro.
Precisamos de uma pessoa que meio queira o que queremos, meio sonhe o que sonhamos, meio aja como agimos e meio queira nos complementar, que é diferente de completar o que está ao meio.
Meio aos cacos, meio ao meio, meio início, meio meio, meio fim.
E no fim, apenas as meias.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Bom dia" pode mudar um dia

Muitas pessoas detestam um "Bom dia!", outros o fazem por obrigação e outros acham desnecessário. Alguns respondem com um bom dia ainda mais agradável, outros entre os dentes, outros desejando que seja um bom dia mesmo, alguns não dizem e apenas balançam a cabeça concordando ou pelo menos não sendo totalmente indelicado quanto os que não respondem.
Reconheço que tem dias que é mais difícil dizer "Bom dia", quando não é um bom dia. Até eu mesmo já disse que não gosto de pessoas que acordam bem humoradas, cantando e dizendo bom dia pra todas as pessoas que passam. Mas um dia descobri o quanto essas duas palavras podem fazer a diferença.
Numa segunda-feira(como hoje) eu estava mal humorado(hoje não estou). Tinha acordado cedo, após dormir tarde com um monte de trabalhos pra fazer e com a semana ainda começando(como hoje). Sentado no ônibus e refletindo sobre tudo e meio consternado, quando uma menina muito linda de no máximo três anos de idade, toda vestida de vermelho com o cabelo loiro todo arrumadinho e com mochilinha nas costas passa por mim, sorri e fala: "Bom dia!"
Parece bobeira, mas aquele bom dia mudou meu humor. Assim como eu, ela tinha acordado muito cedo, tomado seu banho, vestido a roupa e tomado o café(talvez uma mamadeira). E, apesar de querer(ou não) ficar dormindo, sabia que a rotina da vida teria que começar.
Sinto que tenho uma visão romântica da vida e prefiro ser assim. Li ontem numa dessas frases de messenger que quem se surpreende com tudo na vida não sabe ver as verdadeiras belezas da vida. Mas prefiro me surpreender até com um simples "Bom dia" e fazer de todas as coisas as verdadeiras belezas da minha vida.
Hoje vejo o quanto é necessário o "Bom dia" e a rotina. Eles nos fazem ver que cada dia pode ser melhor como vários bons dias.

Caminham por aqui.