segunda-feira, 13 de julho de 2009

O peso na mala

Muitas pessoas se acovardam. Talvez pela reação do outro ou pela reação de si mesmo. Fábio não imaginou que Mariana ia fazer daquela forma com ele. Ainda mais depois de apenas 1 ano de casamento. Pra quê então todos aqueles gastos com uma festa tão requintada e cara?Só para encher a pança de comida e a cara de bebida daquela parentada idiota e hipócrita?
Um telefonema e um adeus. Aos prantos, Mariana falou o que não teve coragem de dizer pessoalmente: "Está tudo acabado!". Estranho como na noite anterior ela dormiu como se nada tivesse acontecido. Será que ela teria outro? Seria isso só um momento de estresse, de TPM?
Nenhuma das respostas poderiam ser respondidas tão rapidamente, ia precisar de tempo para entender um fim tão rápido e inesperado.
Chegou em casa à meia-noite. Diferente de muitos que se embriagam e se escoram nos amigos, somente andou pela orla da praia, sozinho, bebendo água de coco e imaginando o que teria acontecido ou o que teria feito de errado.
Esperou por dias. Sempre imaginava que de repente Mariana entraria pela porta dizendo que estava arrependida e que o lado do armário que pertencia a ela, onde agora estava somente com cabides, se encheria novamente na mesma proporção que a alegria voltaria a reinar naquele local, que um dia fora o tão sonhado ninho de amor.
Não teve coragem de ir à casa da sogra procurar pela amada, nem muito menos ligar para a casa daquela que, desde o início, tanto atrapalhou a vida e os sonhos daquele casal. Tudo indicava que Mariana tinha planejado tudo, até seu telefone celular já não existia mais.
Sentiu que a perda era imensurável, mas acima de tudo optou por não sofrer apesar de ainda amá-la. Resolveu mudar-se.
Saindo do apartamento, olhou pra trás e acima da dor, lembrou-se do que um dia Vinícius de Moraes disse no Soneto de Fidelidade: "Que não seja eterno, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure". E aquele era o momento do fim do infinito amor por Mariana. Levava na mala o peso da sensação de talvez nunca ter encontrado o amor em sua vida. Mas não era exatamente isso. Um dia reconheceu que o amor próprio vem antes de qualquer amor. E que o tempo, a distância e outro amor podem aliviar dores e transpor barreiras de amores mal sucedidos.


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