quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Pra não morrer

Pra não morrer a Rua Verde, passeia por aqui Clarice Lispector:


“Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.”


Identificação total.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ensaio sobre o Tempo

Se todos os grandes [e pequenos(?)] escritores, pintores, filósofos, artistas, seres vivos ensaiaram e não chegaram a lugar nenhum.
Se todos já o questionaram e não entenderam, não seria eu o único a ficar de fora.
Tempo.
Quem foi que disse que o dia é pra ficar acordado e a noite é pra dormir?
Quem regulamentou que o 1 é feito por 24, que é feito de 60, que são 60 e aí vai?
Não se sabe o valor do tempo até que o veja escoar pelo cano, igual pasta de dente cuspida na pia, que só escorre pelo ralo empurrada pela água.
Talvez a água seja tudo que aparece na vida: trabalho, pessoas, amores, amigos, igrejas, diversão, escola, dinheiro. Tudo aquilo que cada um se escora pra não ver o tempo passar.
TIC TAC e ele já passou.
Clichê dizer para aproveitar o tempo enquanto o tem. Clichê maior ainda é dizer que o futuro é agora(eu já disse).
O que é futuro?
Não há como saber, pois até hoje ninguém descobriu como aproveitar o mal(ben)dito tempo. Se tivesse descoberto, ninguém nunca teria escrito(nem eu).
Passou o tempo.
Ganhei ou perdi? Não sei.
Pelo sopro do acaso ou do destino me guei e me guiarei enquanto tiver (ou perder) o tempo.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Precisa-se

Precisa-se.
De um bobo pra rir quanto estiver sem graça.
De um amigo pra falar verdades e mentiras.
De uma sensatez pra desvendar uma leve loucura.
Da constância pra equilibrar o desequilíbrio.
Do tradicional pra colorir de preto o que é prata.
Da lágrima pra mostrar o sorriso.
Da realidade pra proporcionar o irreal.
Precisa-se nada além da vida e do sonho.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Over the raimbow

As horas passam com a contagem dos passos.
Caminha pela rua após a chuva. O céu ainda está nebuloso, sem a lua.
Está anunciada mais uma noite de solidão.
Sequer as luzes artificiais sustentam o peso da alma fria e cansada.
A gritaria efusiva dos passantes mostra que nem mesmo a companhia e as risadas são suficientes para felicitar a alma.
Tem que ir além, mas não sabe até onde.
Ninguém sabe onde se esconde a felicidade. Quiçá os sonhos.
Para que haja sempre sol é importante ter atrás de cada pote de ouro no fim do arco-íris uma nova chuva.
Só depois dela que os olhos estão aptos a ver as cores exuberantes e tímidas do arco-íris ladeadas pelos lindos raios de sol.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Comédia da vida (L)imitada

Dizem que a vida imita a arte, ou que a arte imita a vida.
Na verdade a vida imitada se (L)imita.
(L)Imita o sonho e o faz mascarado de verdade, que por sua vez chega maquiada, perfumada e com laços vistosos, difarçando a (L)imitação de necessidade satisfeita, nem que seja por pouco tempo.
Um fluxo constante de vaivém sem origem e sem destino.
(L)Imitar é perder o foco, perder a graça, perder o verde, perder a vida.
Abrir mão daquilo que há de mais precioso no ser humano: personalidade. Essa que ora chamamos de vida, ideias, pensamentos e criações.

Dúvida: como definir um comportamento como não (L)imitado se a todo tempo estamos revivendo comportamentos e ideias de outrem?

Responda você!
Se houvesse resposta pronta, talvez não haveria a necessidade da questão.
Tudo aquilo que está (é) óbvio, perde a sensualidade da dúvida e cai na vala comum, ou seja, acaba (L)imitado.
Viva intensamente a "Comédia da vida (L)imitada".

sábado, 28 de novembro de 2009

Início, meio e fim

Início.
Meio.
Fim.
Os meios justificam os fins ou os fins justificam os meios?
O início só se da com uma finalidade, ou acontece e, só assim, assume os meios que chegarão no fim?
Ou que não chegarão.
Ou que ficarão no início e no sacrifício do meio.
Ou ainda que não terão início.
Abandonar no meio, temer o início, lamentar o fim.
Lamentar o meio, desprezar o início, glorificar o fim.
Glorificar o início, abandonar no meio por temer o fim.
Temer o início, temer o meio, temer o fim.
Temer impede de viver.
Enquanto houver o temor, haverá a vida partilhada em inícios, meios e fins.
E é essa divisão de fases que torna os acontecimentos fragmentados.
Viva a busca por uma vida inteira.
Pois em todo início há a busca de um meio sem fim, ou com fins.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cadê?

Uma transparência no espelho que não reflete sua imagem.
Uma busca pelo que não perdeu, ou pelo que nem sabe se perdeu ou ganhou.
Um riacho sem fundo.
Um céu sem limites.
Uma rua sem fim.
Um agora que brinca de imitar o passado.
Recordações e experiências que viveu, que vive, que viverá.
Um olhar nos olhos de vidro que se quebraram em pedaços de lágrimas que insistem em não cair.
Uma compressão no âmago de quem espera a felicidade de volta e já está de braços abertos com essa ânsia.
Só não se sabe se ela vem vestida de verde ou de azul.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Frase Emprestada 2

"Embora sempre os tenha evitado, aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia..."
Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Tem sentido?

qual o sentido sentir o que se sente?
às vezes ficamos sentidos por sentir um sentimento que não faz sentido sentir.
ou sentimos que sentimos um sentimento sentido no peito oprimido que não faz sentido.
sentimos.
isso que importa.
sentir sentimentos.
são eles nos fazem sentir o verdadeiro sentido de sentir tudo que sentimos.
a vida é feita de sopros de sentimentos sentidos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Preparando para o Natal

Que susto!
Quando a gente menos percebe, já chegou novembro. E pro fim do ano é só um sopro.
E com ele vem o Natal. Festas, comelança, presentes e muita alegria.
Só que muitas pessoas se esquecem do verdadeiro significado do Natal que é de nascimento. Com isso, fazem tudo meio sem sentido e não entende os símbolos que compõem essa festa.
Uma árvore de Natal é um bom exemplo.
Alguns ansiosos mal esperam o dia 02 de novembro pra levantar aquela árvore maravilhosa, cheia de enfeites, luzes e com estrela cadente em cima. Gastam tempo, dinheiro e disposição.
Antes de tudo, o que necessitamos é montar as árvores de natal nas nossas vidas.
Seria assim: a árvore é a própria vida cheia de galhos que se renovam ao passar dos anos e cresce cada vez com o tronco mais forte e mais robusta; as luzes são os sonhos que acendem e apagam e dão um colorido diferente na árvore; as bolinhas formam o amor, não pode faltar e em cada galho há uma de tamanho e cor diferente compondo a beleza essencial da árvore; e a estrela cadente é o respeito, está no topo e é imprescindível para uma boa árvore que vai receber o Natal. E por mais que as luzes e as bolinhas estejam maravilhosas e novas, não tem o mesmo efeito sem a estrela cadente.
Abri a caixa empoeirada para verificar os enfeites da Rua Verde.
Algumas lâmpadas estão queimadas, alguns enfeites estão antigos e a estrela cadente sem um pedaço.
Terei que repor as lâmpadas, comprar novos enfeites e restaurar a estrela cadente. Não adianta nada os enfeites velhos, se a própria árvore renova suas folhas a cada Natal.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Vendaval

Tem coisas que assustam, chegam de repente como um vendaval e quando vai já arrastou tudo.
Passou um vento pela Rua Verde.
Não arrastou tudo, mas levou telhas, vidros e poeira.
Não dá pra saber o que ficou.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Frase emprestada

Hoje peguei emprestado.
Amanhã talvez eu devolva.

"A vida segue rápida e emocionante, o perigo é enorme, mas a paisagem compensa."
Cristiana Guerra

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Talvezes"

Talvez eu não seja como minha mãe queria, meu pai sonhava, meu namorado precisava ou meu chefe esperava.
Talvez eu não sonho mais como eu sonhava, não espero tanto quanto esperava, nem me desespero como desesperava.
Talvez eu tenha aprendido, talvez não.
Talvez eu tenha sentido ou apenas passado.
Talvez eu tenha seguido sem estar preparado.
Talvez minha vida seja um livro, uma novela, um filme, uma peça teatral. Ou simplesmente um valioso bilhete escrito num guardanapo de papel com uma caneta improvisada. Pode até ser um rabisco ou um desenho daqueles feitos por compulsivos usuários de caneta e papel de rascunhos que, ao falar no telefone, desenham o mundo.
Talvez eu mude ou fique.
Talvez eu conserte ou deixe estragado.
Talvez, talvez, talvez.
Os "talvezes" não impedem ninguém de ser peregrino da felicidade.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

chiclete doce para café amargo

Doce como algodão doce e fresco como um banho de piscina em dia de sol.
Um bilhete não tão legal, um banho, um pão e um beijo delicioso.
A viagem de todo dia hoje foi confortável e viajada num livro de memórias e esperança de uma vida melhor com mais amor e mais vida verdadeiramente vivida. Emoção.
Novas conversas e novas risadas.
Mais coisas pra fazer. Algumas incompletas, outras incompreendidas, outras perdidas.
Uma mensagem e um e-mail, ambos sem resposta [ainda].
Na ansiedade de escrever sobre as valiosas as coisas da vida, me pego pensando no velho e delicioso chiclete, que gostoso e doce (não tanto quanto eu hoje) suaviza o gosto amargo deixado na boca.
Quem dera se para todo amargo café tivesse um doce chiclete de melancia com melão.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Escolhas são assim

Que seja oito ou oitenta que até na bíblia diz que é quente ou frio, pois morno te vomito.
Não há como viver no mais ou menos, no meio termo, em cima do muro.Qualquer hora o muro cai e de repente você está do lado de lá, mesmo sem querer estar. E com a roupa amarrotada você se percebe uma marmota e se sente incomodado.
Não há como voltar atrás quando não decide de que lado se está. Se não quer estar em nenhum lado, pelo menos declare estar do lado que não está de lado nenhum. Estando em lado nenhum você está de um lado mais ou menos. Não adianta deixar de lado.
E se quiser mudar? Mude. Não adianta ser medíocre a ponto de não ficar da forma que quer ficar. Antes reconhecer e mudar, do que não arriscar estar e depois se arrepender de não ter estado ou de ter estado e não ter mudado.
E se demorar? Demore. Não existe um tempo necessário a não ser que envolva contundente a vida de outra pessoa.
Caso contrário, cada um constroi a vida e o futuro como quer, e o tempo perdido só diz respeito ao tempo de vida de quem o perdeu ou o ganhou.
Ninguém sabe até onde ou quando vai, ou se ainda vai.
Por isso, o que compensa é escolher e viver tranquilo com as escolhas, até que elas sejam definitivas, trocadas ou interrompidas.
Tudo tão complexo e tão simplíssimo quando cada um sabe e assume as escolhas que faz na vida.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Saudade que não vai passar!

Quando menos percebi ela já estava ali e com o tempo vi que estava desde que nasci. ou melhor, antes mesmo da minha mãe nascer. Sua presença me dava segurança e me fazia sentir a criança mais feliz do mundo. Jamais vou me esquecer dos seus olhos tão caidinhos quanto os meus, das suas unhas quase sempre pintadas de vermelho e daquela mão que fazia a melhor comida que meu paladar já experimentou.
Daquele coração que sempre recebia em casa toda a família pra confraternizar e ficar junta por aquele momento, valorizando tudo que temos de melhor e de quando nos arrumava pra ir pra escola, sempre com muito capricho e dedicação.
De quando, apesar das suas limitações, me ensinava a tarefa e a fazia comigo, nem que seja pra colar os feijões no papel e colorir dentro. Lembro de, na pressa, assoprar a comida misturada com banana para que não queimássemos a boca, e vira e mexe por me defender das garras da primogênita e me paparicar mais que tudo, sem contar de secar os milhares de copos de suco que eu sempre insistia em derramar na mesa.
Ainda me recordo das manhãs que passava em volta do fogão interrogando-a como se faz isso ou aquilo. E de sempre lavar as louças, pois naquela época sua saúde já estava frágil. Mas de fazer comida ela jamais abria mão. Ninguém podia mexer nas panelas que eram dela.
As vezes ainda me vejo deitado no sofá e ela na sua cadeira laranja roncando, mas insistindo em assistir todos os programas que passavam a tarde e prorrogando aquela ação até o fim da novela das 8. Recordo das brincadeiras de cócegas e tapas (ela em mim claro) e da quantidade de quilômetros que andei pra buscar gelo na geladeira quando ela não podia beber água nas tardes quentes de verão.
Lembro de dormir (as vezes que minha irmã deixava) na cama com ela. O calor era diferente e me fazia adormecer como um pintinho em baixo da asa da galinha.
Me faz o ser humano mais feliz do mundo saber que fiz o que pude por ela. E que a última vez que ela cozinhou, foi um prato que há tempos eu queria comer e nesse dia ela resolveu fazer pra gente. Só eu e ela na cumplicidade de avó e neto que sempre tivemos.
Não esqueço do último olhar, da despedida dolorosa, de tudo.
Não da pra esquecer. Assim que me lembro dela. Talvez seja mais mãe que minha próprima mãe, porque era duas vezes. Quem a conheceu jamais esquece da Iris, da Gorda, da Tia Pretinha, da minha vó. Minha que um dia partilhei com a Isis, com o Gustavo e com o Caio. Nossa vó, ou vovó como era chamada pelos menores.
Hoje fazem 6 anos que não estamos juntos em corpo e convivência, mas a amo da mesma forma(ou mais), sinto falta e sei que vamos nos encontrar um dia.
Fica aqui minha homenagem de um coração sem vó.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Separação

- Eu só quero que você saia!
- Não imaginava isso nunca.
- O amor passou.
- Eu pensei que chegaria em casa e teria a comida pronta e a cama arrumada.
- Já não serve mais.
- Sempre te amei e não quis te fazer infeliz.
- Não vejo mais nos seus olhos a felicidade em me encontrar.
- Meu sonho sempre foi estar ao seu lado.
- Não vejo nos seus beijos a vontade de me provar.
- Eu sabia que isso um dia aconteceria.
- A cada momento que passo me frusto por não conseguir sentir mais borboletas no estômago e o coração acelerar.
- Você é muito inconstante.
- Infelizmente já tenho outro.
- Sua vida sempre foi levada pelas suas precipitações.
- Fiz isso por perceber que um dia teria que me arriscar novamente e recuperar o tempo perdido.
- É como se arrancasse o meu coração e pisasse sem piedade.
- Não!
- Muito bem, se não tenho outra escolha....
- Eu não sou amarga.
- O jeito é aguentar e levar a vida, não posso me prender a algo que acaba de morrer.
- Simplesmente descobri que ao seu lado não sei mais ser doce.
- Eu nem sempre fui errado.
- Estou aguardando a chegada do táxi e não nos veremos nunca mais.
- Tudo bem.
- Saio de cabeça erguida e com consciência limpa de que tentei ao máximo.
- Prefiro me silenciar.
- Cada um é responsável pelas coisas que faz e pela vida que tem.
- Se não me bastasse ainda tenho que dizer adeus?

Quando chega a esse ponto, não há como voltar atrás.
Vozes que falam, mas não dialogam.
Vidas que se juntam mais não se complementam.
Não há mais para somar quando as almas estão divididas.

Verde

Verde do desenvolvimento.
Verde de seguir em frente.
Verde do crescimento.
Verde do não-maduro.
Verde da serenidade.
Verde da segurança.
Verde da esmeralda.
Verde do equilíbrio.
Verde da natureza.
Verde da saúde.
Verde da grama.
Verde da menta.
Verde da fome.
Verde da rua.
Verde do ver.
Verde.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Inferno Astral

Não importa o quanto vivemos ou o quanto ainda vamos viver.
Não importa porque nunca sabemos, ou nunca sabemos quando saberemos que sabemos que chegou a hora certa de nascer ou de morrer.
O dia acordou nublado, mas de repente sai o sol, que mais tarde chove.
Chove do céu fagulhas de sol e raios de nuvens e da terra brota a vida que nasce e enterra a vida que morre.
Os astros dizem que é bom não sair de casa, falar com estranhos, arriscar pra não errar, comer pra não engordar, não namorar pra não brigar. O ascendente em Peixes e a lua em Câncer diz o que devemos fazer ou não. A vida é tão curta pra viver só isso.
O que era certo não está certo mais, nem sei se sei o que é certo ou não.
Muitos colhem o que plantam, outros comem do fruto plantado por outros, que plantaram mas esqueceram de adubar.
Adubar! É isso. Legal adubar o coração com sentimentos bons, semear o que quiser colher, ou o que você quer que os outros colham, pois mais cedo ou mais tarde o jardim muda e é necessário deixar um jardim bem cuidado para que outro possa cultivar o que um dia foi seu.
Que me importa se sou escorpiano nascido numa manhã de terça-feira, e muito menos se estou no "inferno astral" ou não. Só sei que nasci pra plantar a minha semente e construir meu "céu".

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Apenas as meias

Sem meias palavras, apenas as meias.Após a meia verdade de um resto de um meio amor que um dia meio que aconteceu.E no meio de um sentimento incerto tem um meio coração que, meio chora e meio insiste em ficar normal. Meio está.
Meio-dia: hora do almoço. E de meio ficar na dúvida se responde ou não a mensagem recebida ao meio.
Meia resposta, meio trabalho, meia noite.
Ah! Tem ainda as meias.
No meio das tempestades, meio que nos encontramos. Deve ser pra perceber que não há meia pessoa nem meio amigo. E mais ainda: não precisamos de meia pessoa pra sermos completos, já nascemos por inteiro.
Precisamos de uma pessoa que meio queira o que queremos, meio sonhe o que sonhamos, meio aja como agimos e meio queira nos complementar, que é diferente de completar o que está ao meio.
Meio aos cacos, meio ao meio, meio início, meio meio, meio fim.
E no fim, apenas as meias.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Bom dia" pode mudar um dia

Muitas pessoas detestam um "Bom dia!", outros o fazem por obrigação e outros acham desnecessário. Alguns respondem com um bom dia ainda mais agradável, outros entre os dentes, outros desejando que seja um bom dia mesmo, alguns não dizem e apenas balançam a cabeça concordando ou pelo menos não sendo totalmente indelicado quanto os que não respondem.
Reconheço que tem dias que é mais difícil dizer "Bom dia", quando não é um bom dia. Até eu mesmo já disse que não gosto de pessoas que acordam bem humoradas, cantando e dizendo bom dia pra todas as pessoas que passam. Mas um dia descobri o quanto essas duas palavras podem fazer a diferença.
Numa segunda-feira(como hoje) eu estava mal humorado(hoje não estou). Tinha acordado cedo, após dormir tarde com um monte de trabalhos pra fazer e com a semana ainda começando(como hoje). Sentado no ônibus e refletindo sobre tudo e meio consternado, quando uma menina muito linda de no máximo três anos de idade, toda vestida de vermelho com o cabelo loiro todo arrumadinho e com mochilinha nas costas passa por mim, sorri e fala: "Bom dia!"
Parece bobeira, mas aquele bom dia mudou meu humor. Assim como eu, ela tinha acordado muito cedo, tomado seu banho, vestido a roupa e tomado o café(talvez uma mamadeira). E, apesar de querer(ou não) ficar dormindo, sabia que a rotina da vida teria que começar.
Sinto que tenho uma visão romântica da vida e prefiro ser assim. Li ontem numa dessas frases de messenger que quem se surpreende com tudo na vida não sabe ver as verdadeiras belezas da vida. Mas prefiro me surpreender até com um simples "Bom dia" e fazer de todas as coisas as verdadeiras belezas da minha vida.
Hoje vejo o quanto é necessário o "Bom dia" e a rotina. Eles nos fazem ver que cada dia pode ser melhor como vários bons dias.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sensação

Sabemos que completamos verdadeiramente um ciclo apenas quando iniciamos um novo.
É a partir daí que aparece aquela sensação. É como sentir o cheiro do carro novo, da roupa nova, da tinta que acaba de cobrir a nova construção, da comida que acaba de ser feita, do perfume que acaba de ser borrifado, da bala que acaba de ser mastigada.
Mas o pior é que essa sensação nem sempre é duradoura.
É assim com tudo na vida: tem dia que tudo está muito acentuado, outros menos. Isso não significa que a boa sensação sumiu. Uma hora ou outra volta o prazer e, mesmo não sendo tão novo, traz novamete a saudosa sensação. De coisa boa.
A vida não é feita só de sensação. É um misto de descoberta, movimento, realidade, aprendizado e muitas outras coisas. Seja com coisas novas ou antigas.
Viver a vida e sentir as sensações que ela nos oferece é magnificamente esplendoroso, por mais redundante que seja.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Felicidade

Eu felicito
Tu felicitas
Ele felicita
Nós felicitamos
Vós felicitais
Eles felicitam

Tem coisas na vida que é assim.
Algumas são individuais, outras não.
Conjugar, no dicionário, significa reunir, unir.
Por isso conjugo felicitar, com a felicidade de ser feliz.
É impossível conjugar a felicidade sozinho.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A matéria dos sonhos

Tudo começa por questionamentos, menos os sonhos.
Os sonhos nascem da perspectiva de uma vida melhor, da ideia de um mundo feliz aos nossos olhos e de uma realidade nem sempre tangível, mas imaginável e sensível aos nossos sentidos, que fabricam e idealizam um mundo de sonhos.
Os sonhos são simplesmente as respostas diretas, nem sempre confiáveis, mas que nos fazem mover, buscar algo melhor.
O que seria a vida sem sonho?
Nos confundimos tanto ao sonhar, que ao acontecer algo muito bom na vida acreditamos que estamos sonhando, e ao ter sonhos muito bons, acreditamos estar vivenciando-os. Mas não sabemos se o bom da vida é sonhar ou conseguir realizar os sonhos.
Na falta do que fazer, seguimos sonhando com algo novo e sempre traçando novos objetivos e metas e, se difíceis e árduos de serem conquistados, os apelidamos de sonhos.
Mas somos muito egoístas, pois todos os dias há sonhos para serem vivenciados e continuamos cegos e tapados em busca de coisas que nos disseram ser boas. A matéria dos sonhos, é na verdade a nossa própria vida e os acontecimentos do dia-a-dia.
Por isso viva o sonho de um dia de chuva, o sonho do nascer do sol, o sonho de se arrepiar ao toque da música que gosta, o sonho de dar um beijo apaixonado na pessoa que ama, o sonho...
Construa seus sonhos na vida que se vive e não na vida que se sonha. Faça de cada acontecimento a realização de um sonho(e esqueça os pesadelos), pois não se sabe até quando a vida nos permitirá sonhar.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Super-heróis e anjos

Tem dia que há aquela sensação de força, talvez até de super-heroísmo.
O céu nas mãos e a Terra abaixo dos pés.
Tudo sob controle.
O centro do mundo está na cabeça e nada pode deter as vontades, as ideias, os sonhos.
Não há como controlar.
Tem dias que é assim.
Cada dia um sentimento, ou vários deles, ou todos.
Egoísmo, solidão, amor, felicidade, agitação, ansiedade, tristeza...
Mas o pior de tudo é algo que te abala, que te tira do eixo.
E te faz ver que, independente do sentimento, você nunca está preparado para estar sozinho.
E nunca estamos.
Ao toque de um telefone, um chamado, um grito de socorro e pronto.
Aos poucos a mão que te conforta e a voz que te acalma está com você.
O sentimento de estar seguro, de ser amado, de estar salvo, faz com que até mesmo os super-heróis percebam que há pessoas que são anjos em nossa vida.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Palavra

Não há como definir, muito menos entender
Qual o poder da palavra

Palavra explica
Palavra fala
Palavra fica

Palavra manda
Palavra escreve
Palavra anda

Palavra pede
Palavra sente
Palavra fede

Palavra revoluciona
Palavra cria
Palavra emociona

Palavra revolta
Palavra prende
Palavra solta

Palavra voa
Palavra define
Palavra magoa

Palavra promete
Palavra ama
Palavra reflete

Palavra sensibiliza
Palavra convence
Palavra ironiza

Palavra
Palavra é tudo
Palavra é palavra.
Por isso escrevo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Detalhes

Acordei sem saber como seria.
A sensação é boa, mas estranha.
Excelente mesmo foi sair com as canelas de fora da calça jeans que ficou dormindo no guarda-roupa e sentir o sol quente batendo no rosto, dando reflexo nas lentes do meu óculos branco.
Coisas que talvez eu não perceberia ou não percebi, deixando que a rotina tomasse conta e fizesse dos meus dias sempre iguais.
Não me preocupei com relógio, celular e e-mail. Já não uso mais o Outlook que atualiza a cada 3 minutos e me faz ver o quanto de problemas tenho que resolver. Nem sequer me preocupo em deixar o computador ligado e deligar o monitor para o almoço. Deixo ligado e desligo quando quiser.
Tenho todo tempo pra mim.
Pra cozinhar, almoçar novamente na mesa com a família vendo o jornal do meio-dia. Deitar no sofá vendo TV e acordar horas mais tarde. Ligar o som no último volume, tomar um banho esperto e adiantar o jantar antes de ir pra faculdade. Terminar de ler um livro e começar o outro que já me augardava por dois meses.
E no final do dia, encontrar os amigos e perceber que, pelo menos hoje, eu tive tempo pra ver o quanto é verdadeiro o que sempre digo: os detalhes é que movem a vida.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Nada?

Pedrada no carro deixa professora em coma
Polícia Federal prende 7 por pedofilia na web
Corpo de menina é achado no micro-ondas
Não é possível fazer nada.

Morrem mais pessoas nas favelas que no Iraque
Educação vira mercadoria
A água está acabando e a Terra aquecendo
Não é possível fazer nada.

Saímos de casa todos os dias vestidos pra guerra: carros blindados, vidros fechados, olhos vidrados.
Ecos de vozes alheias
E na política muita pizza
Não é possível fazer nada.

H1N1, estresse e depressão
Crise econômica no mundo todo
Preconceito, miséria, conflitos
Não é possível fazer nada.

Mudança de valores: o tudo se torna nada e o nada se torna tudo.
Não é possível fazer nada?
Só é possível não fazer nada
Até que alguém(você) faça (pelo menos) um pouco.

De novo

Rua Verde de novo leiaute, novas ideias, tudo novo. De novo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Adaptar para sobreviver

Quem disse que é assim que tem que ser?
Quem foi que convencionou que a vida é só trabalho, escola, relações sociais e coisas comuns?
Não saia da linha!
Seja educado!
Tenha paciência!
A regra é essa!
Temos que ser flexíveis!
Se você é mais fraco, o viável é você se adaptar e não que o mundo se adapte a você?!Porquê?
Queria entender qual a dificuldade de valorizar as diferenças e valorizar o que cada um pode dar.
Utopia.
Exigimos muito e queremos dar o que podemos.
Não é culpa de ninguém. Desde que o mundo é mundo e "Eva comeu do fruto proibido" sabemos que o ser humado é assim.
É a dura realidade de adaptar para sobreviver.

A partir de agora...

Deletei tudo que não era meu.
Resolvi virar a esquina e enxergar no horizonte uma luz verde só minha. Como um sol verde.
Um sol verde que as vezes brilha muito forte (como hoje) e tem dias que devido ao tempo nublado fica meio fraco, mas que não deixa de existir. Está lá mesmo que não o vemos.
Pensei em apagar a rua do mapa ou em fechá-la por muito tempo. Tempo esse que já se foi.
Está aberta novamente a Rua Verde.
Passeie sempre que quiser e ficarei feliz a cada correspondência que deixar na caixa de correio verde da casa mais verde que você pode imaginar.
A partir de agora, é assim.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

acordar e?

é acordar e mudar de vida. não seria mudar. seria entender o que a gente quer da vida e o que a vida quer da gente.
dormir sem perspectiva outro dia e acordar decidido em simplesmente acatar o que o coração pede.
nada melhor do que respirar o novo que não é novo, o bem que te faz bem.
e após pizza, refri, tv e tudo, dormir feliz e acordar certo de que a vida será melhor de hoje em diante. pelo tempo que for.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cilada

Acontece que sou mais um ao sol.
Mais um, que como meus ancestrais vivo cada dia no afã de ter um futuro melhor e corro pra não ficar atrás.
O que é futuro?
Ideias, ideais ou utopia?
De norte a sul todos num movimento constante, egoísta e individual para trilhar um caminho melhor rumo ao esperado futuro. E se ele não vier? Será frustrante.
Isso que significa uma civilização civilizada? Não seria civilizado viver melhor? E para viver melhor não precisamos pensar no futuro?
Civilização civilizada é uma cilada constante.
Enquanto isso, um fazendeiro humilde fuma seu cigarro de palha e vive anos a mais que os habitantes das loucas selvas de pedra.
Do civilizado ao humilde, todos vivem como pode em busca de um final feliz para sua história. Só se esquecem que o final pode ser agora, ou o agora que passou, ou o agora que virá, que chamamos de futuro. Eternas são as discussões de como viver: preocupado com futuro ou viver o presente, etc. Sendo pelo presente ou pelo futuro não basta apenas viver?
Que cilada.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Filosofando

Um dia na aula de filosofia, filosofamos sobre presença e ausência e isso me marcou muito.
A ausência não é nada mais que a própria presença. Só sabemos que existe ausência a partir do momento que sentimos a falta da presença. Portanto, mesmo ausente estarei presente na Rua Verde e ela em mim.
Breve volto a passear.
As vezes é importante estar dentro de casa do que simplesmente passeando constantemente.
Não seria vida curta, só intervalo.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Essa gripe

Essa gripe é pior que um pesadelo.
Conseguindo me limitar a fazer o que mais gosto.
E com tamanha ansiedade e inconstância, que o corpo reage inversamente à vontade e padece.
Quem dera fosse igual à dor de amor e nos fizesse refletir,
e escrever,
e desenhar,
e criar.
O que eu mais quero é que passe.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ainda dá tempo

77 anos. Maria (como muitas Marias) percebeu que viveu a sua vida em função dos outros. Com 7 filhos, 14 netos e 2 bisnetos vivia há quatro anos amargando a solidão após a morte tão triste de seu companheiro de vida.
Seus filhos ficavam preocupado e diziam que ela não poderia viver dessa forma. Mas não era escolha. Era como se tivesse perdido um braço, uma perna, um pedaço.
Sua vida era fazer o que sempre gostava, mas ainda sim sentindo falta. O feirante que sempre agradou ao Sr. João com verduras frequinhas, o banco da missa que agora não tinha mais ele ao seu lado, a cama que estava vazia e o retrato do casamento dos dois na parede, daqueles em que as fotos eram praticamente desenhos sempre a faziam lembrar do quanto tinha sido feliz.
Todos os dias que rezava, lembrava-se do marido. Sabia que a morte era algo que um dia os separaria e era conformada com isso. Se não fosse ele, seria ela. Por isso, suplicava sempre por conseguir superar cada dia de uma forma melhor.
Apesar do amor, lembrou-se um dia do quanto casou cedo e o quanto a vida de dona de casa a privara de viver seus sonhos, de dançar várias horas com pessoas diferentes, de sentir o prazer de ir aos bailes mais bonita que pudesse sem ser alvo de ciúmes e desconfiança, de curtir a vida de uma forma diferente.
Estava ali. Mesmo com as pernas tremendo e o coração disparado sabia que sua saúde iria aguentar, afinal seu médico mesmo lhe dissera: "Saúde de 30."
O gosto da liberdade que experimentava nesse voo de asa delta era indescritível. Sentia-se livre como nunca. Experimentava naquele momento a liberdade de um pássaro como jamais tivera antes. Nesse momento pensou na vida e chegou à conclusão de que ainda dá tempo, desde que se dê a chance de ser feliz mais uma vez.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O peso na mala

Muitas pessoas se acovardam. Talvez pela reação do outro ou pela reação de si mesmo. Fábio não imaginou que Mariana ia fazer daquela forma com ele. Ainda mais depois de apenas 1 ano de casamento. Pra quê então todos aqueles gastos com uma festa tão requintada e cara?Só para encher a pança de comida e a cara de bebida daquela parentada idiota e hipócrita?
Um telefonema e um adeus. Aos prantos, Mariana falou o que não teve coragem de dizer pessoalmente: "Está tudo acabado!". Estranho como na noite anterior ela dormiu como se nada tivesse acontecido. Será que ela teria outro? Seria isso só um momento de estresse, de TPM?
Nenhuma das respostas poderiam ser respondidas tão rapidamente, ia precisar de tempo para entender um fim tão rápido e inesperado.
Chegou em casa à meia-noite. Diferente de muitos que se embriagam e se escoram nos amigos, somente andou pela orla da praia, sozinho, bebendo água de coco e imaginando o que teria acontecido ou o que teria feito de errado.
Esperou por dias. Sempre imaginava que de repente Mariana entraria pela porta dizendo que estava arrependida e que o lado do armário que pertencia a ela, onde agora estava somente com cabides, se encheria novamente na mesma proporção que a alegria voltaria a reinar naquele local, que um dia fora o tão sonhado ninho de amor.
Não teve coragem de ir à casa da sogra procurar pela amada, nem muito menos ligar para a casa daquela que, desde o início, tanto atrapalhou a vida e os sonhos daquele casal. Tudo indicava que Mariana tinha planejado tudo, até seu telefone celular já não existia mais.
Sentiu que a perda era imensurável, mas acima de tudo optou por não sofrer apesar de ainda amá-la. Resolveu mudar-se.
Saindo do apartamento, olhou pra trás e acima da dor, lembrou-se do que um dia Vinícius de Moraes disse no Soneto de Fidelidade: "Que não seja eterno, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure". E aquele era o momento do fim do infinito amor por Mariana. Levava na mala o peso da sensação de talvez nunca ter encontrado o amor em sua vida. Mas não era exatamente isso. Um dia reconheceu que o amor próprio vem antes de qualquer amor. E que o tempo, a distância e outro amor podem aliviar dores e transpor barreiras de amores mal sucedidos.


domingo, 12 de julho de 2009

O preço da indiferença

Nada de diferente. O metrô mais cheio que nunca e o gosto do café preto amanhecido e esquentado no micro-ondas ainda na boca. Aquela falação e agitação das domésticas que passam em média 1 hora do trajeto de casa para o trabalho já não a incomodava mais.
Estava cansada de todo dia a mesma rotina, o mesmo trabalho, as mesmas pessoas. A única coisa que sabia era que precisava de férias. Individualista e preocupada somente com o que queria e aonde queria chegar, não se importava muito com as outras pessoas que estavam ao redor, afinal, ninguém se preocupava com ela.
De repente começa uma gritaria imensa no vagão que estava. Lá na frente viu que uma multidão se aglomerava em cima de uma mulher que estava caída no chão. Não dava pra ver a mulher. Ainda bem! Não suportava ver pessoas passarem mal. Não era a primeira vez que isso acontecia no metrô. Aliás, todos os dias acontecia. Chegando na estação desceu o mais rápido que pôde, nem se preocupou em saber com o ocorrido. Estava atrasada demais para isso e não poderia pagar o pato por um problema que não era seu.
Chegou ao trabalho como sempre. Novamente as mesmas pessoas. A recepcionista com sua cara de merda mas voz simpática (e forçada) para atender o telefone, o ascensorista com seu bom dia monótono e cada pessoa que estava ali dentro sempre concentrada no monitor que indica o andar. Tudo tão automático.
A sua mesa tinha, como sempre, uma montanha de papéis para analisar e devolver aos clientes que, de alguma forma, tentavam conseguir financiar seus sonhos. Alguns casamentos, outros carro, casa ou até viagens e intercâmbios.
-Alô?
Era sua mãe. Não conseguia entender nada que ela estava falando. Cheia de dúvidas, saiu correndo dali com autorização do chefe, que naquele dia percebeu uma verdadeira preocupação daquela jovem tão constante e indiferente.
Três horas da tarde. Era pra estar no trabalho aguardando as duas horas e meia restantes de trabalho que a proporcionaria mais um dia terminar a sua rotina. Mas agora estava ali, recebendo abraço de vários conhecidos e desconhecidos que a consolavam pela morte da irmã que sofrera um infarto fulminante no vagão de um metrô. O cheiro das flores fúnebres e o calor das velas que queimavam a faziam arrepender e ver o quanto é caro o preço da indiferença.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Na fila do banco

Ela não acreditava que havia deixado pra ir ao banco justo no 5º dia útil. A fila preferencial era tão enorme quanto a sua, que andava a passos de tartaruga ou até mais devagar. Nervosa por ver que havia somente dois bancários para atender toda aquela multidão sedenta para honrar seus compromissos bancários a tempo de voltar antes do término do horário de almoço. Lhe disseram que a agência era pequena e não tinha como contratar mais ninguém. Se a conta não tivesse vencida e sua mãe não fosse encher tanto o saco, talvez ela desistiria.
Entre o olhar do relógio e as pessoas que ali estavam, percebeu um garoto que deveria ter no máximo 18, de mochila, boné, calças largas e tênis. Pelo tanto de contas que carregava deveria ser office boy. Engraçado como ele lhe prendia atenção.
Embargada em seus pensamentos, viajava no sorriso do garoto, no movimento que ele fazia com a cabeça ouvindo seu MP3 que, pelo estilo dele, deveria tocar Fresno, Pitty ou NX Zero. E mesmo sabendo que todas as tardes esse mesmo cara poderia se distrair com Malhação ou ficar horas navegando na internet nos seus sites de relacionamentos e jogos online, não conseguia desviar o olhar tão fixo no seu objeto de desejo, tanto que até começava a imaginar se as pessoas notavam sua atitude.
Isso não poderia estar acontecendo com ela. Tão tradicional, acostumada a namorar caras mais experientes e tendo a idade pra ser irmã mais velha do garoto, jamais imaginara que um dia sentiria uma vontade tão profunda de estar com um garoto daquela idade.
Agora a fila parecia voar, pois estava distraída e sentindo um prazer enorme com sua observação. Seria essa ação motivada pela noite anterior? Deveria ser, não era a primeira vez que dormira morrendo de ódio do seu namorado que mais uma vez fizera 10 minutos de sexo e dormira após se satisfazer como se estivesse com uma boneca inflável.
Duas horas depois ela estava perplexa. Perplexa mas nenhum pouco arrependida. Parada no sinal, não acreditou que um dia teria a coragem de ir parar num drive in com um garoto que por esse pequeno espaço de tempo foi muito mais que uma simples distração enquanto aguardava na fila do banco.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Acaso

Não era a primeira vez que Marcos e Leonardo se estranhavam.
O gosto da cerveja amarga na boca os deixaram muito mais homens para levar adiante aquela discussão, que ali mesmo no boteco tomara proporções inesperadas.
Tudo começara com uma conversa que fora se agravando, e sem perceber já estavam berrando, gritando impropérios e insultos que seriam dispensados caso uma conversa anterior àquela tivesse acontecido.
Leonardo nunca tivera tempo para parar e conversar com Marcos, saber sua opinião e trocar experiências. As vezes a correria da vida os impedia de reservar esse tempo precioso. Agora não adiantava mais. Não teve como voltar atrás. O sangue já escorria pela testa. Marcos nunca imaginara que um dia seria atingido de tal forma. Não pela garrafa de vidro quebrada, mas atingido na alma. Machucado, seu coração batia ritmado pelo som sertanejo que tocava ali.
As pessoas do local ficaram desesperadas, pois já era de costume ver os dois acompanhados tomando cerveja, ora jogando bilhar, fumando e rindo com conversas longas e com vários assuntos, que corriqueiramente fazem parte do cotidiano.
Não houve outra alternativa a não ser chamar a polícia, que levou Marcos para o hospital, onde passou horas aguardando na fila, embriagado. Depois de suturado foi para a mesma delegacia que estava Leonardo e obrigado a olhar novamente para o rosto daquele que jamais imaginara ter atitudes tão violentas e inconsequentes.
Amanheceu o dia e logo foram liberados. Na verdade ninguém buscou-os, pois era de costume passarem algumas noites juntos sem dar notícia pra ninguém. Cada um para seu rumo.
Aquele dia pareceu o mais pesado de todos. Como duas pessoas que se amam tanto poderiam brigar daquela forma, sem pensar nas consequências de seus atos?
Alguns dias se passaram, se viam mas não se falavam. Porém, o Sr. Tempo se encarregou de aos poucos abrandar o coração dos dois, que sem conversar sobre o ocorrido voltaram a se falar, conviver normalmente como se aquela situação não tivesse acontecido jamais. Inclusive, passaram novamente a frequentar o mesmo boteco que outrora assistiu à briga dos dois.
Quem dera todo amor fosse tão altruísta e incondicional quanto o de pai e filho.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Tentar, arriscar, tentar

Tentar é a palavra certa.
Certa pra quê?
Vivemos tentando buscar o que não sabemos se queremos ou precisamos.
E se sabemos, será mesmo que sabemos? E seria realmente o que queremos?
Empego novo, casa nova, carro novo, tudo novo.
Será que é o novo que satisfaz?
Se fosse sempre, comida de vó não seria a melhor, nem all star novo machucaria tanto.
Tantas vezes em busca de tudo que pode se tornar nada rapidamente.
Frustração, decepção, angústia, medo do novo.
Mas a arte da vida é tentar, assumir riscos.
50% de chance: dar certo ou não.
Isso até diferencia as pessoas: quem arrisca precipitadamente, quem arrisca tarde demais, quem arrisca na hora certa, quem não arrisca.
Existe arriscar na hora certa?
Vai saber.
Ninguém sabe explicar se a vida é movida por sorte ou acaso.
Tentar, arriscar, tentar.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Se...

Se não existissem dúvidas não existiria os caminhos
Se não existissem caminhos não existiriam escolhas
Se não existissem escolhas não existiriam erros
Se não existissem erros não existiriam arrependimentos
Se não existissem arrependimentos não exisitiriam aprendizados
Se não existissem aprendizados não existiria amadurecimento
Se não existissem amadurecimento não exisitira crescimento
Se não existisse crescimento não existiria a vida
Se não existisse a vida não existiria amor
E se não existisse o amor, nada existiria.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Erradas


Isso e muito mais você pode conferir no site Palavra Desenhada essa e muitas outras criações do músico e jornalista Heitor Humberto e do designer Bernardo Bento, o JEKILL...
Muito interessantes.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Começando


Nesse primeiro post vou explicar o porquê do Rua Verde, que sempre causa muita curiosidade nas pessoas...
Não precisa dizer que sou apaixonado na cor verde. Todo mundo percebe sempre que me vê. Óculos, relógio, mochila, roupas, tênis, etc. O porquê não sei. Deve ser pelo trauma de não ter os lindos olhos verdes da minha mãe... Mas verde me traz boas sensações. E procurando significado das cores vi que representa vigor, juventude, frescor, esperança e calma. De tudo isso só a calma não combina comigo.
Para a rua tenho outra justificativa, mas aqui vou criar uma nova, um pouco mais metafórica, que combina mais com o momento que estou vivendo. No dicionário rua é somente um caminho público ladeado de casas ou muros, nas povoações. Mas eu vejo a rua como um caminho diferente. Um vaivém de carros, animais, entra e sai, correria e pessoas. E com as pessoas sentimentos, sensações, sonhos, tristezas, ideias e ideais, paixões, decepções, vaidades, invejas, desesperos, arrependimentos, rotina, desejos, carência, tudo. Tudo aquilo que, como humanos, estamos fadados a viver.
Fácil agora entender como vai ser essa brincandeira aqui. Uma mistura de tudo que possa interessar a alguém passando por essa rua e que possa se apaixonar pelas minhas paixões e pensamentos representados pelo verde. Só espero que ao passar por aqui você saia com um pouco mais de informação do que tinha ao chegar na esquina...


P.S: Agradeço muito às pessoas que motivaram a escrever esse blog. Na verdade foram só duas... Elas sabem quem são...

Caminham por aqui.